segunda-feira, 26 de abril de 2010
Desmistificando: Por que os homens não lêem?
Em uma matéria escrita por Jason Pinter para o The Huffington Post, ele se pergunta por que o mercado editorial deixa de lado metade da população mundial. A realidade é um tanto cruel, mas é verdade. Enquanto 75% das mulheres lêem, apenas 25% dos homens fazem isso, e o fazem geralmente por necessidade. Não estou aqui dizendo que os homens não lêem, que são ignorantes ou algo parecido. Estou apenas dizendo que seus interesses literários são limitados a alguns gêneros específicos e geralmente voltados as necessidades de trabalho.
Esse fato foi percebido pelas editoras há algum tempo e a maior parcela de vendas desse setor são dos livros voltados para as mulheres. Eles são geralmente lançados no início do período de férias para que sejam consumidos durante aquele período de descanso. A maior parte dos Best Sellers são o que são graças a população leitora feminina. Alguém já viu um homem lendo Crepúsculo?
Uma enorme fatia do mercado está sendo desperdiçada com essa tendência editorial que alimenta a leitura feminina e denigre a masculina. O que me parece contraditório aqui é que apesar de lerem pouco, a maior parte dos escritores que conheço são homens, e os escritores mais respeitados mundialmente também.
Então, chegamos a dois problemas:
1) Se os maiores leitores são as mulheres, e aí podemos enquadrar uma longa gama de escritoras voltadas para essa tendência, por que os maiores escritores são homens?
2) Por que eles escrevem, mas não lêem?
Jason Pinter diz:
"I'm tired of people saying Men Don't Read. Men LOVE to read. I've been a reader my whole life. My father is a reader. Most of my male friends are readers. But the more publishing repeats the empty mantra that Men Don't Read the less they're going to try to appeal to men, which is where this vicious cycle begins."
Concordo com ele. Cresci em uma família da homens leitores. Meu pai lia e lê muito, meu avô lia, meu marido lê muito e meu filho lê cada vez mais. Só que eles sempre o fizeram dentro de seus interesses específicos. Isso é um crime? As mulheres também fazem isso. Meu pai lia muitas coisas voltadas para as ciências humanas; meu avô era mais adepto de uma literatura teológica; meu marido adora ficção e meu filho, os Best Sellers (apesar de se recusar a ler Crepúsculo, viu o filme).
O mercado editorial está jogando fora um público potencial que gosta de ler, mas muitas vezes não o faz por falta de tempo ou de interesse na literatura de massa que tem se propagado. Talvez a campanha de Jason Pinter seja um caminho para uma revolução literária. Afinal, qual o propósito da literatura senão o de ser lida?
Cabe aqui a necessidade de uma mudança de paradigma. Uma nova visão do mercado editorial, mas abrangente, menos excludente. Segundo o otimismo de Jason no final de seu artigo:
"Print it, and they will come."
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