quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Seminário discute self-publishing


O atual modelo tradicional de publicação foi alvo de críticas no evento realizado no Rio de Janeiro


A edição carioca do 1º Ciclo de Palestras sobre os Futuros do Livro, organizado pela Singular, braço digital do grupo Ediouro, aconteceu ontem (28), na Casa do Saber da capital fluminense. Ali, próximo à bela lagoa Rodrigo de Freitas, um grupo de 60 convidados ouviu as palestras do editor americano Mark Coker, da Smashwords, e de Luis Iglesias, executivo brasileiro da Hewlett-Packard. No final, uma mesa-redonda com Roberto Cassano (Agência Frog) e Ricardo Neves, autor de Ruptura, uma obra self-published. Os destaques ficaram para as falas de Coker e Neves. Ambos foram críticos ao modelo atual da indústria editorial de forte controle do que é ou não publicado, e defenderam o self-publishing – publicação independente pelo próprio autor – como uma alternativa importante para a democratização do acesso à publicação.
PublishNews - 29/09/2010 - Carlo Carrenho

"Acho que o modelo em que os editores decidem o que os leitores devem ler é errado", afirmou Mark Coker, presidente da Smashwords, empresa norte-americana de self-publishing digital. Ele reconheceu, no entanto, a importância do editor, mas acha que as editoras estão cada vez se comportando menos como editoras. “Ao tentar minimizar os riscos, as editoras estão publicando menos, com preços mais caros e, no caso do livro digital, utilizando DRM”, afirmou. E na visão de Coker isto faz com as editoras sejam menos amigáveis aos leitores e se afastem de seu papel original. O editor da Califórnia considera isto perigoso e reconhece a importância dos editores. “Quando os editores começam a agir cada vez menos como editores, os autores começam a se perguntar porque precisam deles”.

Durante a mesa-redonda, foi o consultor Ricardo Neves quem teceu duras críticas aos editores. Com livros publicados pela Campus, Ediouro e Senac Rio, Neves decidiu lançar sua mais recente obra, Ruptura, por conta própria. "Não existe a promoção do autor nacional. O editor brasileiro quer ir para Frankfurt e encontrar o bilhete premiado", afirmou o consultor, reclamando do trabalho das editoras brasileiras. “Falta às editoras a ousadia de fazer diferente”, complementou. Ao final de sua fala, questionado se sua crítica era ao momento editorial ou às editoras como um todo, explicou: "Minha colocação não foi algo ressentido contra as editoras. É minha forma apaixonada de falar.". O livro Ruptura está sendo lançado este mês. Resta acompanhar como será seu desempenho quando comparado aos demais livros do autor.

Para Newton Neto, diretor da Singular, o self-publishing representa uma oportunidade e não uma ameaça às editoras tradicionais. “Com um projeto paralelo de self-publishing, as editoras não precisam dizer não a nenhum autor.”

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