Folha de São Paulo, 02 de maio de 2010
É preciso faro e sorte para identificar livros que vão se tornar grandes fenômenos mundiais. O sucesso em um mercado como o americano não é garantia de sucesso no Brasil, e vice-versa. Maior sucesso da história da Sextante, o livro de autoajuda "O Monge e o Executivo" vendeu 2,4 milhões no Brasil. Adquirido com um adiantamento de US$ 3.000, nunca decolou nos EUA: em 12 anos, vendeu 200 mil exemplares.
A Sextante conta com cinco pessoas dedicadas a farejar novos títulos. "O instinto, que é uma síntese de informações e experiências, cheio de falhas e distorções, ainda é o elemento principal", diz Tomás Pereira, da Sextante. "Não tentamos adivinhar o que os leitores vão gostar. Gostamos do livro e imaginamos que as outras pessoas vão gostar."
Do catálogo da Sextante, sete títulos venderam mais de 1 milhão de exemplares e 90 venderam mais de 100 mil. "Um livro se torna um best-seller fundamentalmente por sua força própria, que gera o boca-a-boca. Mas ajuda muito ter um preço acessível, uma boa distribuição", avalia Tomás.
Jorge Oakim, da Intrínseca, conta que conseguiu seu primeiro best-seller, "A Menina que Roubava Livros" (1,3 milhão de exemplares vendidos), pela força de uma carta para o autor Markus Zusak.
"Tinha uma editora muito maior na disputa, e o agente me pediu para escrever uma "love letter" [carta de amor, na tradução literal] dizendo por que aquele livro era importante para mim." O primeiro lugar onde o livro estourou no mundo foi no Brasil.
Além da qualidade do título e do preço, Oakim acrescenta o marketing como ingrediente fundamental para o sucesso de um livro. "A gente nunca deixa o livro sozinho. Temos poucos títulos, e todos os livros que decidimos publicar merecem a nossa atenção", diz Oakim, 40. Sem tradição familiar no ramo editorial, ele largou um emprego no mercado financeiro para montar a editora.
Oakim não revela quanto, mas diz que a Intrínseca investe bastante em marketing. Divulga livros com anúncios em jornal e adesivos nos ônibus do Rio de Janeiro. Com a maior parte dos títulos voltada para o público infantojuvenil, a Intrínseca também tem um marketing bastante agressivo na internet e nas redes sociais.
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